Fæton
FASTEN SEAT BELT WHILE SEATED
Eu sou filho do sol, eu quero ser um deus
Eu não vim de um pó diferente do seu
Quando raiava a aurora, clareando o breu
Nem desconfiava qu’inda cruzaria os céus
Exercitei minha força, dominei minha vontade
Pra por em ordem as coisas e aquecer a sociedade
Com a coragem que tive, libertei minhas rédeas
E incendiei o horizonte – o espírito das tragédias
Não devo procurar se sou eu quem atraio
Quando escolho, eu honro; mas já fui ao contrário
Eu já fui romântico, imperador romano
Que tentou restaurar o mundo ante o engano
Imitei riffs de guitarra e frases de Nietzsche
Já fui quase a coisa mais horrorosa que existe
Da ira dos deuses, moralizando meus atos,
Seguindo meus passos, salvou-me a arte
Mas, o pavor me invadia, me senti impotente
O medo que paralisa, vento da decadência
Fugi do cativeiro do império das aparências
O privilégio ofende a minha potência latente
USE SEAT BOTTOM FOR FLOTATION
Lanço maravilhado o olhar ao futuro
Se eu focar em enxergar a tua luz, não me cego
Se eu focar em ouvir o teu poder, não sou surdo
Se eu focar em aprender tua força, então, mudo
OS GREGOS, AQUELES APOLÍNEOS
Pra que serve um mito, senão pra ser lido de cabeça pra baixo? Descobri por
acaso, dentre o vasto repertório de mitos gregos, o
caso de Faeton (ou Faetonte). Desde que me iniciei no entendimento da vida, lia
os mitos de cabeça pra baixo: as tragédias são louváveis, representam a
afirmação da vida! Se derrubamos a carroagem de Hélio hoje e incendiamos o
horizonte, bem, que pena, melhor sorte na próxima
vez e assim faremos melhor amanhã, com a experiência. Talvez os mitos, muito
mais milenares que possamos suspeitar, tenham sido ESCRITOS - a prisão de uma
estória - para subsidiar o poder e o seu interesse em enfraquecer a
resistência, assim, pondo em descrédito relatos orais divergentes e que por
ventura subentendessem um outro sentido de interpretação... Nessa canção eu
perdoo a mim mesmo e perdoar a seus erros é o primeiro passo para a superação
de si e aceitar seguir em frente na tarefa de continuar querendo a vida.
Perdoar a si mesmo deve fazer parte da empresa de conhecer-te: a mim, um
imperador romano, Juliano, o Apóstata, que se apegara à antiga tradição pagã
romana e tentou e restaurá-la, foi quem me emprestou seu nome e, bem, não nego
o simbolismo, ele cai como uma luva. Precisei superar o imperador para
tornar-me, então, um deus.
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"A Queda de Phaeton", Peter Paul Rubens |