terça-feira, 20 de janeiro de 2015

01. Faeton



Fæton

FASTEN SEAT BELT WHILE SEATED

Eu sou filho do sol, eu quero ser um deus
Eu não vim de um pó diferente do seu
Quando raiava a aurora, clareando o breu
Nem desconfiava qu’inda cruzaria os céus

Exercitei minha força, dominei minha vontade
Pra por em ordem as coisas e aquecer a sociedade
Com a coragem que tive, libertei minhas rédeas
E incendiei o horizonte – o espírito das tragédias

Não devo procurar se sou eu quem atraio
Quando escolho, eu honro; mas já fui ao contrário
Eu já fui romântico, imperador romano
Que tentou restaurar o mundo ante o engano

Imitei riffs de guitarra e frases de Nietzsche
Já fui quase a coisa mais horrorosa que existe
Da ira dos deuses, moralizando meus atos,
Seguindo meus passos, salvou-me a arte

Mas, o pavor me invadia, me senti impotente
O medo que paralisa, vento da decadência
Fugi do cativeiro do império das aparências
O privilégio ofende a minha potência latente

USE SEAT BOTTOM FOR FLOTATION

Lanço maravilhado o olhar ao futuro
Se eu focar em enxergar a tua luz, não me cego
Se eu focar em ouvir o teu poder, não sou surdo
Se eu focar em aprender tua força, então, mudo

OS GREGOS, AQUELES APOLÍNEOS

Pra que serve um mito, senão pra ser lido de cabeça pra baixo? Descobri por acaso, dentre o vasto repertório de mitos gregos, o caso de Faeton (ou Faetonte). Desde que me iniciei no entendimento da vida, lia os mitos de cabeça pra baixo: as tragédias são louváveis, representam a afirmação da vida! Se derrubamos a carroagem de Hélio hoje e incendiamos o horizonte, bem, que pena, melhor sorte na próxima vez e assim faremos melhor amanhã, com a experiência. Talvez os mitos, muito mais milenares que possamos suspeitar, tenham sido ESCRITOS - a prisão de uma estória - para subsidiar o poder e o seu interesse em enfraquecer a resistência, assim, pondo em descrédito relatos orais divergentes e que por ventura subentendessem um outro sentido de interpretação... Nessa canção eu perdoo a mim mesmo e perdoar a seus erros é o primeiro passo para a superação de si e aceitar seguir em frente na tarefa de continuar querendo a vida. Perdoar a si mesmo deve fazer parte da empresa de conhecer-te: a mim, um imperador romano, Juliano, o Apóstata, que se apegara à antiga tradição pagã romana e tentou e restaurá-la, foi quem me emprestou seu nome e, bem, não nego o simbolismo, ele cai como uma luva. Precisei superar o imperador para tornar-me, então, um deus. 
"A Queda de Phaeton", Peter Paul Rubens

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